10/01/2007

CARTA A UM AMIGO

CARTA A UM AMIGO
Victor Jerónimo

Quando temos o privilégio ocasionado ou ditado pelo acaso ou quem sabe por um deus superior de reencontrar um amigo a nossa viagem ao passado fica presente e as boas recordações afloram imediatamente como se tivéssemos parado no tempo. Depois e só muito depois vem o actualizar do tempo perdido. Comigo já tive essa felicidade a de reencontrar amigos que se perderam em contacto na malfadada guerra colonial e que quando regressaram vinham bem diferentes seguindo então uma nova vida, não reatando os seus contactos antigos para e só depois de dezenas de anos passados os reencontrar.Isto talvez porque a inocência ficou perdida naquela selva de bichos malvados personificados pelo homem e que destruiu a inocência da nossa juventude, transformando-os em homens amargurados e assustados por toda uma geração. Jovens que regressaram ficando entregues à sua sorte levando toda uma vida para se recuperarem daquilo que agora "soy" bem dizer-se stress pós-traumatico o que para o "bem" das novas gerações tem apoio medico e psicológico para que estes não sofram tanto as amarguras que sofreram os seus pais e que agora são sofridas lá nos desertos das arábias.Mas voltando ao reencontro de amigos perdidos à muitos e muitos anos, temos um regressar à nossa juventude que aliado aos dotes actuais nos proporcionam momentos bem agradáveis e inesquecíveis.É o reviver do que chamamos os bons tempos é o aclarar dos nossos espíritos é a lavagem do corpo traduzida naquelas simples brincadeiras da juventude e que nos faz voltar a ser jovens ainda que por pequeno período de tempo.Sim porque isto de termos um espírito jovem na nossa idade, não é para qualquer um. Primeiro têm que estar reunidas as condições psicológicas que nos levam a isso. Isso pode acontecer no nos revermos numa criança, participando nas suas brincadeiras, pode também ser o usar o nosso imaginário das belas recordações transformando-as, não em saudades que nos atormentam mas sim no reviver actual dessas situações.Se conseguirmos atingir este estágio poderemos então apreciar o mundo à nossa volta, aquele mundo traduzido num lindo nascer do sol, nas belas flores que nos rodeiam, mesmo que estas estejam num canteiro cheio de lixo, nos pássaros que voam e cantam nos seus belos trinados isto apesar de eles respirarem o mesmo ar super poluído que nós respiramos e vermos um ocaso do sol, vermelho e belo apesar de sabermos que grande parte dessa beleza é o resultado dos gases que poluem a nossa atmosfera e, então, à noite, podermos na nossa cama sonhar com o belo dia que revivemos.Bem, este meu reviver pode não ser o mesmo que o teu mas o que importa mesmo é a recordação do reviver da nossa beleza interior, perdida que esteve nos meandros da preocupação e muitas vezes da maldade do dia a dia.Mas, como estava a mencionar lá atrás e abro aqui um pequeno parêntesis: a minha cabeça já não é o que era, levando-me a saltar de tema para tema, deambulando por outros e esquecendo o tópico principal desta minha carta.Mas voltemos ao que estava a dizer. Reviver os amigos é algo mesmo belo principalmente quando não os vemos há vinte e trinta anos.Olha meu amigo, vou terminar aqui, na próxima te escrevo mais, agora vou dormir um pouco pois fiquei muito cansado com o esforço mental ao escrever esta carta
Um abraço do teu amigo

07.Set.2005

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