07/07/2007

Letras sem nexo e num amplexo

Letras sem nexo e num amplexo
Victor Jerónimo
"Eu gosto tanto de si", "tenho-lhe tanta amizade" e outros disparates que costumamos ler nesta net.
Nada há de mais perigoso que as relações de amizade na net.
Andamos, vegetamos por aqui, queimando tempo e saúde numa ilusão que só termina com a morte.
A dedicação de uns é a paranóia destrutiva de outros. Quem aqui anda anos e anos seguidos vai conhecendo o género humano, acreditem bem melhor no que no real.
Ponhamo-nos como integrantes activos de uma comunidade mas também como observadores. É essencial este observador, para não cairmos no jogo e no logro das seduções e leremos de pessoas que nunca sequer falaram conosco estas ou outras frases parecidas "Eu gosto tanto de si", "tenho-lhe tanta amizade". Se a nossa disposição estiver para o carente aceitamos imediatamente esta afirmação e tentamos mostrar que ainda gostamos mais. Mas se estivermos ali como observadores imediatamente nos aflorará um sorriso de pena acompanhado do inverso, do mal estar, quer dizer, não sabemos se havemos de rir ou chorar.
Esta net está povoada de pessoas carentes, mas também de pessoas maldosas, de vigaristas, de mentirosos e até de assassinos.
Pessoas que inventam situações da sua vida que não têm nada a ver com a realidade, pessoas casadas que se dizem solteiras, operários que se dizem engenheiros, iletrados que se dizem doutores, não esquecendo os ditos jornalistas ou filhos destes que não passam de meros vendedores da banha da cobra.
E ai de quem entrar na net com boas intenções, pois seremos logo crucificados na primeira oportunidade e se nos mostramos bonzinhos ainda podemos levar o rotulo de paneleiro ou outro ainda bem pior.
Há-os por aqui com capa de anjo mas prontos a saltarem e filarem a sua presa na primeira oportunidade e se não o conseguem vai de arranjar uma trama ou tramas para queimar esse individuo.
Depois há que recolher as garras mostrar-se bonzinho e se souber escrever colocar alguns textos a circular sobre problemas psicológicos que atinjam o visado mas sem mostrar que é para ele.
No outro dia vi um paspalho por aí dizendo-se aviador de grandes rotas, que hoje está na América e amanha na China, mas será que o coitado leva o PC quando comanda o avião e está constantemente na net? Coitados dos passageiros ou coitados de nós que acreditamos nele.
E aquele solteirão que é casado há trintas e tantos e cheínho de filhos e netos?
Se andamos tanto tempo aqui como ainda podemos ser enganados assim?
É a nossa disposição o nosso lado bom e carente que nos leva a este desplante muitos deles carnavalescos.
Muita seriedade há nesta net "felizmente" mas que aos poucos e poucos os levam a um afastamento parcial e muitas vezes total. Estes felizmente ou infelizmente vêm a ilusão em que andam e como a maldade e inveja aqui é tanta preferem afastar-se até porque o andar aqui periga e muito a saúde.
São as inactividades totais de longas horas onde o que apenas mexe são as mãos e os olhos, é a leitura de tanto disparate e isto para não falar daqueles que algo inventam para destroçar as boas almas é o sentirmo-nos invejados.
Agora... fico-me por aqui.
11.mai.2007

2 comentários:

Malu Mourão disse...

Poeta Victor, eis uma grande verdade. Palavras sensatas as suas. Este seu texto é uma alerta.
Parabéns!
Malu

Alcina Maria disse...

Victor Jerónimo, a net é assim mesmo como vc diz. É um espelho do mundo em que vivemos, só que na net eles podem se transformar em outras identidades, mas nunca poderão enganar por muito tempo.
É o mundo, criado e montado pelo homem para corromper o homem. Mas felizmente conheci grandes pessoas na net, que são minhas amigas até hoje e você é uma pessoa a qual admiro pela sua sinceridade. Alcina Maria.