25/02/2008

O DIREITO À PRIVACIDADE

O DIREITO À PRIVACIDADE
Victor Jerónimo

Uma das grandes máximas dos governos ditadores é tirar o direito à privacidade ao cidadão comum. Com isso o cidadão perde até o direito de pensar e se acaso ele pensa indivíduos especialmente treinados encarregam-se de lhe dar verdadeiros choques psicológicos ou medicamentosos para que a loucura se aposse do cidadão e assim in extremis este perca o direito a pensar este se transforme num louco ou num vegetal.
Nas democracias actuais passa-se quase o mesmo mas de forma mais subtil e democrata, tudo em nome da segurança nacional
Mas o que me trás aqui é o direito inaliável que estes governos me dão à privacidade interpares, isto é entre cidadãos como eu.
No dia-a-dia mesmo que não queira ouvir, ouço as "fofoquinhas" da vizinha do lado, dos passageiros nos autocarros e das próprias criadas que são pagas pelos patrões para estas o servirem mas que estas se encarregam de levar para fora tudo o que se passa na casa do patrão.
É triste que assim seja pois que o cidadão comum ao agir assim está a abrir o procedente para que outro vá falar dele e lhe viole a privacidade.
Os próprios mídias procuram cada dia mais noticias sensacionalistas para divulgar nos escaparates dos jornais e o cidadão habituado que está a isto vai agindo da mesma maneira na sua vivencia diária.
Já não bastava este disse que não disse na vida real para assistirmos aqui na net ao mesmo causo. Se eu escrevo para alguém é natural que o que eu lhe confio seja mantido em âmbito privado, não tendo essa mesma pessoa que repassar a outra o que lhe escrevi.
Faz parte da educação e do estar bem para com os seus semelhantes.
Mas hoje em dia tudo isso terminou, já não há mais privacidade e mesmo as leis que nos protegem não têm capacidade de actuação para resolver estes conflitos
E os delatores (no meu tempo de juventude chamavam-se "bufos") sabendo disto continuam a actuar impunes e a divulgar o que é de âmbito privado de cada um.
A net transformou-se no maior vespeiro das maldades da humanidade, disso não tenhamos duvidas.
É claro que há ainda alguns que prezam a privacidade e são os chamados “amigos” em quem ainda se pode confiar e desabafar, mas estes são pouquíssimos, uma jóia rara no meio da imundice.
O que eu lamento mesmo aqui é que os poetas e escritores que têm o dom da pena e da palavra embarquem nestes chorrilhos próprios de seres ignóbeis e sem qualidade sentimental.
É muito triste ver estes (poetas) alguns com grandes responsabilidades no meio literário, embarcarem nesta nau de imundice e colaborarem na divulgação do que se quer privado.
Todos temos defeitos, nem um sequer os não tem mas o poeta devido à sua sensibilidade deveria saber separar o trigo do joio e actuar em plano elevado de espírito e postura perante os outros.
Afinal o mundo tem os olhos postos neles e por isso estes deveriam ser motivo de exemplo para com o mais comum dos mortais.
É muito triste e cada vez mais preocupante que assim não seja pois estas atitudes nos levam cada vez mais a fecharmo-nos em casulos e a nem nos nossos botões confiarmos.
Não adianta pedir aqui que tentemos mudar estes estados até porque a falta de privacidade vem desde que o homem adquiriu o poder de pensar, cabe isso sim a cada um de nós termos muito, mas mesmo muito cuidado de saber o que falamos (escrevemos) e para quem o fazemos.
A net deveria ser um polo de evolução da humanidade, infelizmente, por vezes, não o é e todos contribuímos para que assim não seja.
O poeta que tem o dom da escrita e tem o poder de expressar em palavras os sentimentos e todo o mal que nos assola, prefere entrar na delação e tornar publico o que o seu semelhante lhe confidenciou em privado e muitas vezes usando palavras mínimas que depois são aproveitadas pelos grandes delatores para as transformarem à sua maneira.
Haja juízo senhores e senhoras.
É triste, muito triste e lamentável
Recife, 25.Fev.2008

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